Pandemia COVID-19: os empregos voltam ao nível de 2013? Ou o novo normal tem outro patamar?

Nos últimos tempos os níveis de desemprego no Brasil, depois de terem chegado a um mínimo histórico no último trimestre de 2013, segundo o IBGE, começaram a subir, primeiro em decorrência de inúmeras decisões desastradas dos gestores da economia, depois por culpa dos escândalos desvendados pela Polícia Federal, envolvendo gestores públicos do mais alto escalão da república, e, finalmente, quando aparentemente se iniciava uma recuperação, veio a Pandemia Global do COVID-19, destruindo os poucos empregos recuperados, a duras penas, durante o ano de 2019.

Durante todos esses anos o Brasil viveu a expectativa de uma retomada econômica e a esperança de que a retomada fosse capaz de gerar a abertura de postos de trabalho em nível suficiente para fazer com que os índices de desemprego voltem a cair até o nível que vivemos naquele final de 2013.

A verdade é que, mesmo nos momentos em que a economia se recuperou, os índices de desocupação, no Brasil se mantiveram em um patamar muito alto, sempre em um percentual superior aos 10%, desde janeiro de 2016, quando chegou a 10,2%, tendo atingido o pico de 13,7% em janeiro de 2017 e o mínimo em outubro de 2019, com 11,0%.

Quando se fala em emprego, no Brasil, é importante considerar que a precarização do mercado de trabalho é muito alta. Segundo o Coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, os números coletados pelo IBGE no trimestre de Agosto, Setembro e Outubro de 2018 mostravam que, dos 92,9 milhões de pessoas ocupadas, 38,2 milhões obtém sua renda através do trabalho informal, o que representa 41,2% do total dos postos de trabalho ocupados no país.

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A legislação brasileira, que penaliza as empresas, com altas taxas de impostos sobre a folha de salários, sem dúvida, é responsável pelos elevados índices de informalidade do emprego e colabora para a alta taxa de improdutividade do trabalho no Brasil, além de colaborar, de maneira importante, para o baixo desempenho da competitividade do Brasil, na economia global.

Competitividade baixa

Em 2016 o Brasil chegou à pior posição no ranking de competitividade dos países, 81ª Posição. Agora vem tendo uma recuperação, lenta, que colocou o país, no último ano de 2019, na posição 71, a melhor dos últimos 4 anos.

O gráfico acima mostra que, em 2016 a competitividade da economia brasileira, segundo o Fórum Econômico Mundial, chegou ao seu nível mais baixo, ficando na 81ª posição em um ranking de  Por tudo isso a elevação da competitividade da Economia Brasileira, absolutamente necessária, se quisermos construir um país que tenha futuro para sua sociedade, ou seja, se quisermos tornar verdadeiro o discurso dos políticos ocupantes dos altos cargos do Governo Federal, especialmente, durante suas campanhas eleitorais, de que vão promover o desenvolvimento e o bem estar social, passa por uma Reforma Administrativa capaz de reduzir, de fato, o tamanho e os custos do Estado Brasileiro.

É muito claro que não temos mais condições de continuar mantendo a situação atual em que uma população de miseráveis é expropriada pelo Estado, para remunerar uma elite de funcionários públicos, regiamente remunerados, que não prestam serviço à sociedade, ao contrário, que se sentem donos da sociedade e, especialmente, do patrimônio do Estado.

Talvez seja pior ainda do que isso, existe uma “elite” que não cansa de praticar atos de corrupção, sempre encoberta pela impunidade, que muda de lado em alguns momentos, mas que nunca deixa de ser presente, mesmo nos momentos em que tudo parece que vai ganhar novos rumos, com a chegada de novos dirigentes, com seus novos ou renovados discursos eleitorais. No final, o que se repete é que a picada da corrupção e da impunidade acaba sempre contaminando os atos dos governantes e adia um possível futuro, promissor, que a sociedade, sempre iludida e sonhadora, imagina que o Brasil poderia ter, em algum dia.

Mas o Brasil, ao que se pode observar, ainda que seja, talvez até, o caso mais grave e visível desse problema, uma verdadeira ponta do iceberg, não é o único país a enfrentar uma situação de crescente gravidade nos índices de desemprego, tanto assim que mesmo os Estados Unidos da América não estão livres desse problema e, também, andam às voltas com taxas muito altos de desemprego que, somadas aos números de mortos em decorrência do COVID-19, ameaçam a reeleição do Presidente Donald Trump.

A verdade é que existe um outro movimento acontecendo e que serve de pano de fundo para a crise do emprego, observada em todos os países do mundo. A tecnologia 4.0 gera um processo intenso de utilização de Inteligência Artificial e todo um grande conjunto de outros tipos de informatização de atividades e automação de processos os quais, inevitavelmente, implicam em grande redução da utilização de mão-de-obra. Essa tendência é irreversível porque evitá-la significa não alcançar a produtividade necessária para competir em um mercado dominado por essas tecnologias, local e globalmente.

É impossível, para qualquer empresa, manter a competitividade e a capacidade de crescimento ou mesmo a própria capacidade de sobrevivência, em um mercado supercompetitivo, sem adotar tecnologias mais produtivas, portanto, é preciso investir em competitividade, o que implica em redução do número de empregados. Se é preciso investir em tecnologização e, com isso, em desemprego, como uma legião de desempregados vai poder obter a renda necessária para sobreviver?

Dá para se intuir que a economia brasileira, durante um período de intensa destruição de postos de trabalho, ganhou competitividade e recuperou boa parte de seus volumes de produção, tendo recuperado seus volumes de exportações, por exemplo em alguns setores, com destaque para o Setor Agrícola, mas não ficando apenas nesse setor, Isso nos permite supor que aa economia está se reorganizando e, possivelmente, retomando seus níveis de produção com redução dos recursos de produção, gerando maior produtividade, porém, a julgar pela inexistência de uma recuperação dos níveis de emprego, com destruição de postos de trabalho.

Essa, aliás, é uma tendência que se observa em, praticamente, todos os países capitalistas, que são aqueles sobre os quais temos informações confiáveis, como reflexo de uma automação crescente, com o advento da Economia 4.0 e a intensificação do uso da tecnologia 5G e da Internet das Coisas. Essa é a tecnologização de que falei no parágrafo anterior, que é inevitável, necessária, desruptiva e, por isso mesmo, grandemente transformadora.

Diante disso tudo, não existe, indiscutivelmente, alternativa outra que não seja empreender, por necessidade. Mas como empreender sem ter recursos financeiros para investir, isso é possível?

 

 

 

 

 

 

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